RESENHA CRTICA: O Lobo do Deserto (Theeb)

No espere um filme poltico, ao contrrio uma aventura clssica que podia ser feita a qualquer momento

16/02/2016 07:29 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: O Lobo do Deserto (Theeb)

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O Lobo do Deserto (Theeb)

Jordânia, Qatar, Inglaterra, Emirados Árabes, 2015. Direção de Naji Abu Nowar. Roteiro de Nowar e Bassel Grandour e Rupert Lloyd. Com Jacir Edi Al-Hwietat, Hussein Salameh Al-Sweihiyeen, Hassan Mutiag Al Maraiveh.

É muito estranha a lista dos filmes estrangeiros para o Oscar este ano, selecionando produções de importância duvidosa. Como se diversidade quisesse dizer talento ou qualidade, quanto se sabe que não é bem assim. Naturalmente O Filho de Saul parece ser o favorito, mas cada vez que penso neste filme acho-o mais problemático. Por exemplo, já há algum tempo não se vê ao menos aqui um drama sobre Holocausto na profundidade. E este senhor diretor filmando praticamente tudo pela nuca do protagonista parece estar fazendo um truque, chamando a atenção para si e não o que esta sucedendo em Auschwitz. Querendo mostrar, “olha como sou inteligente e criativo, além de ousado”. Já que mal conseguimos ver nem detalhes nem exatamente o que se passava no campo (o banho da morte, a chegada deles, de forma que se consegue ver e entender pouca coisa. A impressão é que o leigo ou o jovem ficará confuso e sem as informações. Para não esquecer também que ele mobilizou figurantes e grande produção para simplesmente não mostrá-los! Ou apenas como pano de fundo. Usando câmera de pouco alcance, Ou será isso uma espécie de truque para deixar o espectador propositalmente confuso?). Certamente eu preferia um filme mais claro e menos pretensioso.

E os outros indicados ao Oscar (não consegui ver o colombiano O Abraço da Serpente). Mas achei o dinamarquês A War muito fraco, o turco Cinco Graças bem feminino (isso hoje é qualidade),e agora este Theeb (que significa Lobo). Ele representa - e foi rodado em - um dos poucos países árabes menos belicosos, a Jordânia.

Este filme teve carreira longa em festivais: foi indicado ao BAFTA de roteiro de estreante e filme em língua estrangeira, em Abu Dhabi, premio da critica e premio do Mundo Árabe,Beijing melhor diretor estreante, Cairo (fotografia e direção), Cameraimage (diretor estreante), FEST (melhor filme e diretor), Miami (roteiro), Veneza na paralela Horizons (diretor).

Lembrando em alguns momentos Lawrence da Arábia, o filme se passa na mesma época, durante o Império Otomano na provincial de Hijaz (hoje Arábia Saudita) em plena Primeira Guerra Mundial. Mostrando as experiências e amadurecimento de um adolescente, justamente Theeb, quando participa de uma perigosa viagem através do deserto para guiar um jovem oficial britânico Edward que tem que ir num destino secreto. Esse papel é feito por Jack Fox, que é o quarto filho do famoso ator James Fox (O Criado, Positivamente Millie, Caçada Humana, Isadora) que por sua vez descende de famosa família teatral.

Não espere um filme político, é ao contrário uma aventura clássica que podia ser feita a qualquer momento, já que pertence a um gênero hoje esquecido, que é a aventura no deserto revelando os antigos costumes beduínos (e interpretado por amadores).

Na historia são dois irmãos órfãos, Hussein e justamente Theeb que pertencem a uma família de guias peregrinos e que seguem as regras de hospitalidade de sua tribo. Os meninos então quando rejeitados, seguem o grupo que cai numa emboscada num canyon, são obrigados a deixar seus camelos e ouvem as vozes dos inimigos durante a noite. Hussein é morto e surge um mercenário ferido. A perda do irmão (os atores são primos na vida real) é o conflito maior do protagonista. Mas o diretor faz questão de deixar claro o contexto histórico, já que a tradição dos nômades está chegando ao fim. Mesmo tendo sido rodado em Super 16, com lentes anamórficas, o filme resultou bonito e cumpre sua proposta. Acredito que tenha sido esse seu aspecto um pouco antiquado que tenha comovido a Academia.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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