Conspirao e Poder (Truth)

O filme no viaja bem, nem para os americanos interessou

28/03/2016 15:32 Por Rubens Ewald Filho
Conspiração e Poder (Truth)

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Conspiração e Poder (Truth)

EUA, 15. 125 min. Direção de James Vanderbilt. Roteiro de Vanderbilt baseado em livro de Mary Mapes. Com Robert Redford, Dennis Quaid, Topher Grace, Elisabeth Moss, Bruce Greenwood, Stacy Keach, John Benjamin Hickey, Dermot Mulroney.

Os americanos tem umas coisas esquisitas difíceis de entender. Ano passado eles fizeram dois filmes com temas semelhantes, basicamente fazendo o louvor da imprensa norte-americana. Um deles foi super badalado e acabou ate mesmo ganhando o Oscar de melhor filme, Spotlight (que nunca me convenceu em particular na sua pouco convincente denúncia dos padres pedófilos). O outro foi este que teve uma fraca carreira de bilheteria e acabou sendo rejeitado por todos, apesar do ótimo elenco e de tratar de um caso polêmico acontecido nos bastidores de uma televisão, no caso envolvendo um lendário jornalista chamado Dan Rather, num conflito que praticamente encerrou a carreira de um muito respeitado jornalista/âncora. E que encerrou sua carreira na CBS, acusado de ter manchado propositalmente a carreira do presidente George W. Bush (o que para nos brasileiro seria impossível de fazer, já que ele mesmo se encarregou de fazer isso sozinho!).

Parte do fracasso certamente se deve aos republicanos, mas também ao diretor que na verdade estreia no ramo, já que tem uma longa carreira como roteirista. Entre eles, Zodíaco, O Espetacular Homem Aranha, o novo Independence Day 3 (anunciado para depois do ainda inédito 2). E outros menos notáveis como o terror No Calor da Noite, Violação de Conduta, o horrível Bem-vindo a Selva, o ignorado Os Perdedores, O Ataque (à Casa Branca). Ou seja, já da para ver que não é nenhum gênio. E aqui meteu os pés pelas mãos.

Falta suspense, clima, falta aproveitar melhor o elenco muito interessante, já que ele consegue deixar neutra a normalmente magnífica Cate Blanchett (ela interpreta Ms Mape, assistente e pessoa de confiança do ancora) e tornou Robert Redford uma figura apagada e sem o velho carisma.

O titulo original, ou seja Verdade, seria muito sugestivo (será que não falta uma interrogação?), mas o assunto é um pouco distante demais em tempo e espaço para o espectador brasileiro. E não tem o impacto de um docudrama. O clímax aconteceu em 8 de setembro de 2004, quando apresentaram o episódio do programa 60 Minutos II, que alegava que as conexões familiares de Bush, facilitaram o fato dele não ser convocado para lutar no Vietnã e ele foi apenas servir na Texas Air National Guard. Mas o problema foi que não conseguiram papeis que provassem que Bush tivesse sido relaxado e incompetente, nesse período. E Mr. Ratherman saiu do seu posto de âncora do canal.

No filme não ficamos sabendo das convicções políticas dos envolvidos e Mr. Rather parece um bom sujeito mas sem brilho ou profundidade. Porque a ênfase esta em Ms Mape que em 2005 escreveu o livro Truth and Duty, the Press, The President, and the privilege of Power, que serviu de base para o filme. O filme faz questão de pintá-la como uma profissional competente e incansável, que não merecia o descrédito pelo próprio pai. Na verdade é a própria estrutura do noticiário numa TV que é o ponto mais frágil e criticável de todo o filme. E o problema é simples: o filme não viaja bem, nem para os americanos interessou, quanto mais para a gente que vive no momento crises muito mais intensas e discutíveis do que esta intriga entre milionários jornalistas e políticos de valor duvidoso.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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