RESENHA CRTICA: As Boas Maneiras (The Good Manners)

A dupla talentosa de diretores ainda no foi consagrada aqui como deveria. So originais, sensveis e merecem todo sucesso.

22/06/2018 16:26 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: As Boas Maneiras (The Good Manners)

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As Boas Maneiras (The Good Manners)

Brasil, 17. 2h15min. Direção e roteiro de Marco Dutra e Juliana Rojas. Com Marjorie Estiano, Cida Moreira, Miguel Lobo, Izabel Zuaa, Andrea Marquee, Felipe Kenji, Nina Medeiros, Neusa Velasco. Co-produção com a França

Nem tudo é perfeito, o titulo misterioso pouco tem a ver com a história, não havia necessidade de duas horas e quinze de projeção! Mas esses pequenos detalhes ficam mais que secundários diante da originalidade e talento de mais um filme notável da dupla Dutra e Rojas (que fizeram juntos Trabalhar Cansa) embora tenham trabalhado também separados (Dutra é roteirista e dirigiu Silencio do Céu e Quando Eu Era Vivo), enquanto Juliana realizou o cult Sinfonia da Necrópole (ambos também fizeram vários curtas e trabalho para a televisão, mas as canções que ponteiam este filme são uma marca registrada dela). Dá para perceber que sou admirador da dupla e vibro com os merecidos prêmios que eles ganharam aqui e no exterior (menção honrosa em Austin Texas, menção do Júri em Biarritz, em Buenos Aires, prêmio do júri e crítica em Gerardmer, prêmio Janela do Recife, melhor filme L ´Etrange Festival, Prêmio Especial do Júri em Locarno, menção em Oslo, melhor filme no Rio e Premio Felix, Prêmio Petrobras e Premiere Brasil. Menção de atriz em Sitges, para Isabel e também melhor filme. Prêmio do Público em Torino (Festival Gay), Zinegoak Bilbao (atriz Isabel).

Não há duvida que Isabel é uma atriz versátil e excelente (começa com os cabelos bem curtos, depois usa peruca que a diferencia) mas o interessante é que ela é africana de Lisboa, com mãe vinda de Angola, e o pai de Guiné Bissau (e sem sotaque que se note). Tem também outros prêmios de outros diretores (Coadjuvante no CineEuphoria de 2918, por Joaquim de Marcelo Gomes, coadjuvante em Festival Aruanda por Nós do Diabo, de Ramon Porto Motta). Mas não se pode menosprezar outros talentos do elenco, destacando Cida Moreira (que faz a vizinha, talvez em seu melhor momento) e além de ótimos coadjuvantes (e crianças), admirei muito o trabalho de Marjorie Estiano, que mal conhecia da televisão e que tem um trabalho excelente como Ana, a grávida que é ajudada pela empregada no que irá se desabrochar numa situação curiosa. É que na verdade, o filme se divide muito claramente em três atos. Na primeira parte a amizade que vai se desenvolvendo entre a problemática grávida do interior que esconde segredos (o clímax dela quando sai caminhando pelas ruas é marcante). Num segundo ato, Clara vai cuidar da situação (nada de spoiler) depois de certa dúvida (a direção de arte é especialmente interessante estilizando prédios e paisagens) e ao final, um último ato que tem um pouco de filme de terror norte-americano (com a ajuda de efeitos especiais).

Na verdade, a dupla talentosa ainda não foi consagrada aqui como deveria. São originais, sensíveis e merecem todo sucesso.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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