RESENHA CRTICA: Bom Comportamento (Good Time)
No chega a ser um filme horrvel e tem certa garra
Bom Comportamento (Good Time)
EUA, 17. 1h41min. Direção de Benny Safdie, Joshua Safdie. Com Robert Pattinson, Ben Safdie, Jennifer Jason Leigh, Necro, Taliah Webster, Peter Verby.
É engraçado como até hoje os jornalistas supostamente mais sofisticados e bem informados ainda caem na conversa dos agentes e divulgadores, cujo metier justamente é inventar histórias e fábulas para aumentar o interesse de seus clientes. Foi o que sucedeu no último Festival de Cannes quando começou um ruído afirmando que esta era a melhor interpretação da carreira do britânico Robert Pattinson, que nunca teria estado melhor do que neste modesto filme americano feito por dois irmãos independentes, os Safdie (Benny que é mais ator e faz o personagem de Nick Nikas, que no começo da história cria confusão e violência. Curiosamente Pattinson deve ter parente porque seu nome nos créditos é Connie Nikas). Os dois assinam a direção, mas o outro Joshua é que tem a figura mais importante (Josh aparece com crédito de 15 outros filmes entre curtas, 15, e longas como diretor,18).
Mas o grande carnaval foi armado justamente em volta de Pattinson, na expectativa de ter ainda sobrado algum prestígio para o rapaz desde os tempos em que ele fazia sucesso com a Saga Crepúsculo. Não gosto do rapaz justamente porque ele aparenta ter alguma doença ou deformidade nos olhos que parecem sempre fora de foco ou desfocados, aliás como sucede neste filme, basicamente uma história policial Classe B, de orçamento muito baixo e onde Pattinson não apresenta nada de especial ou aberrante.
Feito com restrições de orçamento, é sobre um assalto feito por dois rapazes, em que um deles tenta libertar o seu irmão da prisão de Rikers Island, para depois escapar pelas ruas da cidade, se envolvendo em maiores confusões com uma adolescente negra (que está com sua avó). Jennifer Jason Leigh que voltou a moda desde Tarantino tem também uma participação pequena ao se envolver no caso. Mas basicamente é uma sucessão de impasses e confusões, de violência mal realizada, e um estilo modesto de violência (em ambientes fechados, gritados, violentos alternando-se no clímax que é numa espécie de parque de diversão decadente). Não chega a ser um filme horrível e tem certa garra (porrada em cima de violência), mas Pattinson não é um dos fortes, os coadjuvantes são até mais convincentes. Sua carreira não termina por aí, anunciam no IMDB outros cinco novos projetos.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.