RESENHA CR�TICA: Boyhood: da Inf�ncia a Juventude (Boyhood)
Falta verdade, humanidade, tudo parece extremamente artificial, pseudo experimental


Boyhood: da Infância a Juventude (Boyhood)
EUA, 2014. 165 min. Direção de Richard Linklater. Com Ethan Hawke, Patricia Arquette, Ellar Coltrane, Elijah Smith, Lorelei Linklater,Steven Chester Prince, Bonnie Cross, Marco Perella, Jamie Howard.
Tem sido muito festejado pela Imprensa este filme até certo ponto experimental do diretor da trilogia Cult Antes do Amanhecer, que parece muito mais interessante quando se lê a respeito do que quando se assiste. Houve já outras experiências de cineastas que registraram pessoas ou famílias, durante determinados períodos de tempo, como sucedeu com o britânico Michael Apted, que já fez tudo até aventura de James Bond (O Mundo não é o Bastante), Aventuras de Nárnia, Masters of Sex, Na Montanha dos Gorilas etc. Mas seu trabalho mais famoso no exterior, não aqui onde não me lembro de ter sido exibido a série chamada The Up Series. Ele começou a visitar um grupo de crianças quando elas tinham sete anos de idade e prosseguiu adiante, retornando para as continuações: 7 Plus Seven, 21 up, 28 up, 35 up, 49 up e finalmente 56 up. Isso como documentários, sem esconder nada, sem usar artifícios, e por isso que é tão real e humano.
Como bom diretor hollywoodiano Linklater simplifica tudo chegando ao cúmulo de colocar uma filha no elenco simplesmente porque ela lhe pediu (embora no meio tenha perdido o interesse). E qualquer senso de realismo fica perdido quando coloca os astros Ethan Hawke e Patricia Arquette como os pais protagonistas. Ou seja, não é o mundo como realmente é, mas como ele manobrou para ser. Foge de conflitos que nunca são mostrados, por exemplo Patricia se casa com um professor que a principio se revela um chato, mas quando demonstra ser um alcoólatra o assunto é desviado e tudo resolvido rapidamente (enquanto um pai violento seria um tema fundamental).
Tudo é assim colorido como eles veem a vida, como se um monte de gente de interior se encontrasse durante alguns anos para fazer uma encenação entre amigos, onde nem mesmo a figura central do garoto Mason (que seria mostrado dos 8 quando era uma menino lindo até os 18 quando virou outro aborrecente magrelo sem rumo na vida). E não falta metragem, falta verdade, humanidade, tudo me parece extremamente artificial, pseudo experimental. Muito bobinho. Lamento mas eu não consigo embarcar nessa.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho � jornalista formado pela Universidade Cat�lica de Santos (UniSantos), al�m de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados cr�ticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores ve�culos comunica��o do pa�s, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de S�o Paulo, al�m de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a d�cada de 1980). Seus guias impressos anuais s�o tidos como a melhor refer�ncia em l�ngua portuguesa sobre a s�tima arte. Rubens j� assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e � sempre requisitado para falar dos indicados na �poca da premia��o do Oscar. Ele conta ser um dos maiores f�s da atriz Debbie Reynolds, tendo uma cole��o particular dos filmes em que ela participou. Fez participa��es em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para miniss�ries, incluindo as duas adapta��es de “�ramos Seis” de Maria Jos� Dupr�. Ainda crian�a, come�ou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, al�m do t�tulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informa��es. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicion�rio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o �nico de seu g�nero no Brasil.

relacionados
�ltimas mat�rias




