Nova coluna: Marcelo Carrard far resenhas de filmes Raros e Obscuros
Para iniciar, Romance Mortal, um Giallo soberbo
Romance Mortal (Rivelazione di un Maniaco Sessuale al Capo della Squadra Mobile, 1972)
Direção: Roberto Bianchi Montero
O Horror Cinematográfico Italiano tem como seu grande expoente nacional o Giallo. Subgênero essencialmente italiano, construiu em torno de si uma mitologia composta de filmes que são até hoje cultuados. Grandes mestres como Mario Bava e Dario Argento se tornaram mundialmente reconhecidos por dirigirem filmes Gialli como os clássicos Blood and Black Lace, 1964 (Bava) e O Pássaro das Plumas de Cristal, 1971 (Argento). Devido ao sucesso comercial desses filmes, outros diretores e produtores se lançaram nesse subgênero que se tornou um dos pilares do Cinema Popular Italiano e mais tarde foram redescobertos pela crítica e por diretores famosos como Quentin Tarantino e Eli Roth. Além de tudo isso, os filmes Gialli foram a base, o alicerce, a inspiração formal e narrativa dos famosos filmes Slasher norte-americanos como as franquias: Halloween e Sexta-Feira 13.
Após esse brevíssimo resumo sobre o Giallo Italiano e seus desdobramentos, chegamos ao filme que é objeto central dessa resenha: Rivelazione di un Maniaco Sessuale al Capo della Squadra Mobile aka Romance Mortal (1972). Este Giallo, dirigido por Roberto Bianchi Montero, é raro e pouco conhecido por aqui, mas muito importante e influente. Nos EUA teve o título The Slasher. O filme conta a história de um misterioso maníaco que mata mulheres que cometem adultério/traição, trata-se de um Assassino Moral, um dos temas recorrentes tanto no Giallo, quanto no Slasher e revelam todo um conservadorismo/moralismo da sociedade embutido de maneira inconsciente. Já na abertura do filme um corpo despido de mulher, com marcas de violência surge diante do espectador. A nudez das mulheres surge de maneira generosa durante todo o filme. A figura do assassino é clássica dentro do Giallo: Chapéu, capa de chuva, luvas pretas e uma espécie de tecido no rosto que funciona como máscara para deixar em suspense até o final a identidade do assassino.
Investigando a série de assassinatos de mulheres aparece o Inspetor Capuana, interpretado por Farley Granger. Cada vez mais envolvido e atormentado ele acaba por descobrir desdobramentos aterradores na parte final do filme. Muitas cenas de sexo e nudez acabam criando uma aura exploitation que surpreende. Atmosfera de suspense muito bem construída, principalmente nas sequências dos homicídios, sublinhadas pela excelente e antológica trilha sonora de Giorgio Gaslini. O elenco de belas atrizes tem como destaques Sylva Koscina e Susan Scott, essa última uma das Divas do Cinema de Gênero Europeu. Um filme raro, com uma forte representação gráfica da violência que seria a marca do Cinema Italiano nos anos 70. Bianchi Montero revela-se um belo arquiteto do suspense e do horror, sem fazer concessões ao público optando por um desfecho perturbador e amargo. Vale muito a pena descobrir essa pérola obscura do Cinema. Um Giallo soberbo.
Sobre o Colunista:
Marcelo Carrard
Jornalista graduado pela PUC RS com Mestrado em Comunicao e Semitica pela PUC SP. Pesquisador e Crtico de Cinema atualmente Apresentador e Redator do Canal: Cinema Ferox do YouTube onde analisa Cinema de Gnero e Independente, Cultura Geek com espao para abordagens da Diversidade e do Queer Cinema. Pesquisou o Gnero Feminino nos filmes de Dario Argento e Mario Bava no Inst de Artes da Unicamp e especialista em Cinema Italiano de Gnero, alm de colecionador e palestrante.