RESENHA CRTICA: Lar das Crianas Peculiares, O (Miss Peregrines Home for Peculiar Children)
Pode no ser o melhor filme de Tim Burton, mas o suficiente para encher os olhos e palpitar o corao
Lar das Crianças Peculiares, O (Miss Peregrine´s Home for Peculiar Children)
EUA, 16. 127 min. Direção de Tim Burton. Roteiro de Jane Goldman e Ransom Riggs baseado em livro de sua autoria. Com Asa Butterfield, Eva Green, Samuel L, Jackson, Judi Dench, Rupert Graves, Terence Stamp, Allison Janney, Chris O´Dowd, Ella Purnell, Finlay MacMillan.
Temos novamente novo filme de Tim Burton baseado em livro juvenil de sucesso (na verdade trilogia) que é muito parecido com outros de origem semelhante trazendo muitas das qualidades e defeitos de seu estilo. Talvez a falha mais grave seja desaparecer com a figura mais interessante do elenco logo no começo (e depois rapidamente no final) quando justamente cabia a Miss Peregrine comandar a narrativa. Faz falta a sempre interessante Eva Green como Miss Alma (recém saída da série de TV, infelizmente terminada, Penny Dreadful).
Sempre é uma tradição do diretor Burton realizar uma direção de arte e design de produção extremamente criativa e se possível original. E aqui isso se repete, assim como a tendência de não deixar a narrativa fluir. Apesar de que no recente Alice Através do Espelho tenha errado justamente no oposto, no exagero. Mr.Burton está mais tímido aqui, onde colocou como o protagonista o já quase adulto Asa Butterfield (que virou adolescente magrinho e menos sensível que filmes anteriores!). E, na verdade, não adiantou chamar atores veteranos às vezes em pontinhas (Judi Dench, Rupert Everett) de vez enquando assustadores (e dizer que Terence Stamp agora o avô já foi chamado do homem mais bonito de sua época!) e delirantes (será possível se fazer algum filme sem Samuel L. Jackson?).
A história nos livros se passa em 1943, em plena Segunda Guerra e Jake vai tentar resolver o mistério das crianças que ainda viveriam por lá. Somente no terceiro ato é que a ação explode com as perseguições, explosões e reviravoltas de hábito. Para mim foi o suficiente. Pode não ser o melhor Burton (eu fico ainda com Bettlejuice!), mas é o suficiente para encher os olhos e palpitar o coração.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.