OSCAR 2014: Ela (Her)

Apesar de gostar de praticamente todos os finalistas para o Oscar®, meu favorito é este primeiro filme de Spike Jonze.

08/02/2014 16:06 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2014: Ela (Her)

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Ela (Her)

EUA, 13. Direção e roteiro de Spike Jonze. 126 min. Com Joaquin Phoenix, a voz de Scarlett Johansson, Olivia Wilde, Amy Adams, Rooney Mara, Chris Pratt, Bill Hader, voz de Kristin Wiig.

 

Apesar de gostar de praticamente todos os finalistas para o Oscar® de melhor filme deste ano, meu favorito -  uma escolha muito pessoal - é este primeiro filme de Spike Jonze, onde ele também escreveu o roteiro sozinho (havia co-roteirizado seu filme mais fraco o anterior Onde Vivem os Monstros, 2010, e um curta I´m Here, 2010, que estreou em Sundance (mas não conheço). Antes disso a tendência era conhecê-lo como diretor de music vídeos, produtor de programas juvenis grossos (da série Jackass, inclusive o recente Vovô sem Vergonha). Na verdade, ele tem uma carreira muito diversificada (foi marido de Sofia Coppola, que pintou um retrato dele em Encontros e Desencontros) e seus longas de maior sucesso foram escritos por Charlie Kaufman (Quero ser John Malkovich, 99) e Adaptação (2002). Então a tendência seria admirar Kaufman (que passou a direção com o confuso e complexo Sinédoque, Nova York, 08) e atualmente dirige uma animação (Anomalisa).

Tudo isso é para explicar que apesar de seu prestigio não imaginava Jonze capaz de fazer um filme tão sensível, tão bonito e intrigante quanto este Her que provavelmente vai ganhar o Oscar de roteiro original (já levou o Globo de Ouro), e também está indicado como filme, trilha musical e canção (The Moon Song, que é uma joiazinha!). A história se passa num futuro próximo em Los Angeles onde vive Theodore (Joaquin Phoenix), “um homem solitário, complexo e sentimental que ganha a vida escrevendo cartas pessoais e comoventes para outras pessoas. Inconsolável após o fim de um longo relacionamento, ele se interessa por um novo e avançado sistema operacional  que promete lhe dar uma única pessoa como companheira de conversas e amizade. Logo após instalado (que é como um pequeno fone), ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina vibrante (Scarlett Johansson), perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada. À medida que as suas necessidades e os seus desejos crescem, juntamente com os dele, a amizade se aprofunda e acaba se transformando num amor um pelo outro.” (eu copiei o material do press release para não correr o risco de distorcer algo).

E junto com Theodore (Joaquin de bigode de português, esta em seu melhor momento no cinema, uma pena não ter sido indicado) a gente vai mergulhando no relacionamento do casal, se encantando com o envolvimento deles (também a voz de Scarlett está perfeita e adorável. É incrível também que o filme tenha sido todo rodado com outra voz ainda nos sets, até Spike chegar a conclusão de que Samantha Morton (uma atriz inglesa que fez Minority Reporter, John Carter, Terra de Sonhos) não era a voz adequada, mudando na última hora por Scarlett.

Ao mesmo tempo em que Theodore vai se relacionando com a voz (Samantha) também experimenta outros relacionamentos que permitem o brilho de outras mulheres interessantes, um encontro às cegas com a belíssima Olivia Wilde, uma amizade com uma  vizinha (outra vez a sempre encantadora Amy Adams), Rooney Mara (um antigo amor). O que me impressionou especialmente foi como o diretor conseguiu utilizar a direção de arte/desenho de produção de maneira criativa, deixando sempre a cidade invadir os apartamentos, com sua luz (e muito vidro), de tal forma que ao assistir o filme (eu estava em Los Angeles), no dia seguinte saí com amigos na tentativa de descobrir onde ele filmou aqueles lugares tão fotogênicos. Só agora descobri que na verdade se tratam de efeitos digitais unindo alguns lugares de “Downtown L.A” com outros  que ele foi buscar em cidades recém criadas na China, tendo também o cuidado de sumir com os carros das ruas! Enquanto isso o figurino cria seu próprio estilo (reparem na calça do herói, cintura alta, que por sinal já foi lançada agora nas lojas americanas na tentativa de fazer moda).

Muito mais que um simples historia de amor, Ela já acontece no presente que vivemos. Nos facebooks anônimos, nas pessoas que não conversam e não largam seus celulares dito inteligentes, na tirania da Internet, na solidão das grandes cidades ou pequenas vilas, no estilo daquilo que convencionamos chamar de vida. 

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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