Este Viver Ningum Me Tira

Filme bem interessante usa muito material de documentrios alemes da poca

09/12/2014 13:18 Por Rubens Ewald Filho
Este Viver Ninguém Me Tira

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Este Viver Ninguém Me Tira

Brasil, 2014. Direção de Caco Ciocler

É raro no Brasil se ter dois documentários sobre a mesma temática, ainda mais num assunto até então praticamente desconhecido.  E o mais curioso: ambos são de grande qualidade, e chega a ser difícil mesmo dizer qual o melhor. O que chegou primeiro foi Outro Sertão, de Soraia Vilela e Adriana Jacobsen. De uma certa maneira fala da nossa Oscar Schindler, no caso uma  paranaense Aracy Guimarães Rosa que foi  funcionária da embaixada brasileira em Hamburgo durante o Nazismo, e apesar da inclinação nazista do Estado Novo, do ditador Getúlio Vargas, passou a preparar passaportes para que Guimarães Rosa concedesse vistos de turistas para quem queria fugir da Alemanha nazista. Apaixonaram-se e separaram-se dos respectivos cônjuges para ficarem juntos, até a morte do escritor mineiro. Rosa é naturalmente o grande escritor de Grande Sertão, Veredas, falecido em 67 mas lido na mídia porque suas herdeiras fazem tudo para dificultar o acesso a obra dele. O filme bem interessante usa muito material de documentários alemães da época.

O outro documentário que esta estreando agora nos cinemas é mais pessoal, feito na primeira pessoa, porque o ator Caco Ciocler descobriu que sua família tinha ligações de amizade com a heroína.

 Chama-se Este Viver Ninguém Me Tira e concorreu ao Festival de Gramado 2014 onde teve muito boa repercussão. Caco esteve na Alemanha reencontrou amigos na Austrália que participaram da situação e conseguiu o equilíbrio entre a denúncia, a indignação e a sensibilidade. Como disse meu amigo Claudio Herlichman “o filme que é lindo sem cair na pieguice”. Confesso que fiquei emocionado com os dois filmes, um pela descoberta, outro ajudado pelas intervenções de Caco. Além da notória e absurda situação de que as herdeiras de Guimarães Rosa não permitam que o autor fosse citado no filme, ainda que o clássico da literatura brasileira – Grande Sertão- seja dedicado a Aracy. “Não podíamos falar sobre a relação dela com o Guimarães Rosa, por causa de direitos autorais. As herdeiras dele não permitem”, revelou.

Foi em Hamburgo em 38 que Aracy  conheceu o futuro marido, então cônsul-adjunto. “Existe pouca documentação relativa a esse episódio da vida dela, até porque a Aracy não imaginou que estivesse realizando um gesto heroico”, explica o diretor. “Ela morreu com Alzheimer, sempre foi relegada à sombra do marido”, lamenta.

O filme contou ainda com gravações em Israel, onde o nome de Aracy consta no Jardim dos Justos entre as Nações, no Museu do Holocausto. Caco também rodou na Austrália, onde descobriu que Aracy foi responsável por salvar a vida da mãe de um amigo seu, do Rio. “Existe uma senhora lá chamada Marion Aracy, que tem esse nome porque a Aracy salvou os pais dela durante a Segunda Guerra. Lá descobri que ela é mãe de um dos meus melhores amigos de infância”, explica para a imprensa.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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