Navegando na Netflix: Com Amor, Marilyn Monroe (Love, Marilyn)
Documentário que fica acima das fofocas, é um tributo a Marilyn Monroe, não um desrespeito. Fãs não podem perder
Navegando na Netflix: Com Amor, Marilyn Monroe (Love, Marilyn)
EUA, 12. Direção de Liz Garbus. Documentário biográfico. Participações como narradores: Glenn Close, Elizabeth Banks, F. Murray Abraham, Adrien Brody, Ellen Burstyn, Hope Davis,Viola Davis, Marisa Tomei, Jennifer Ehley, Ben Foster, Jack Huston, Stephen Lang, Lindsay Lohan, Jeremy Piven, Oliver Platt, Janet McTeer, David Strathairn, Lili Taylor, Uma Thurman, Evan Rachael Wood, Paul Giamatti.
Apesar de já ter alguns anos nunca tinha visto antes este sensível e muito bem realizado documentário sobre a estrela Marilyn Monroe (1926-62), mais profundo e emocionante do que as dezenas de filmes que já foram feitos sobre o assunto. Dirigido por Liz Garbus, a mesma que fez de Nina Simone, What Happened, Miss Simone? (também disponível no Netflix), conseguiu pagar os direitos de uma coleção incrível de fotos da estrela (é impressionante com a imagem dela não envelheceu, ao contrario de tantas outras! Na verdade, está mais bela hoje do que em seu apogeu). E também grande material de jornais e arquivos, e também de seus principais filmes (alguns usaram outakes ou amadores). A motivação desta vez é muito justa porque relembrava os 50 anos da morte de Marilyn !
O diferencial está na presença de atores atuais de sucesso, de Glenn Close a Viola Davis e Ellen Burstyn (vide a lista na ficha técnica), o impressionante é que ao dizerem os textos de MM estão todos eficientes, por vezes comoventes). Até porque a outra motivação é a descoberta de um caderno dela, onde escrevia seus pensamentos e tentativas de poema, por sinal mais sensível do que você pode imaginar. É outra descoberta interessante. Quem viveu o apogeu da estrela (eu era apenas garoto) sabe que ela não era levada a sério como atriz e o que publicavam nos jornais e revistas era em geral negativo.
Aqui, porém, revela-se outra Marilyn (não se fixam muito na morte dela, as causas, ou a lendária historia dela com o Presidente Kennedy, ao mesmo tempo que ficava com Sinatra e Robert Kennedy). De uma inteligência inesperada, aponta como vilão o ultimo marido, Arthur Miller ( 1915-2005), que além de usá-la por questões de vaidade, zombou dela no roteiro de seu ultimo filme, Os Desajustados e depois na peça Depois da Queda. Ou seja, era um mau caráter.
Marilyn por outro lado, fica aqui eternizada (e a presença dos atores já qualifica o projeto). Faltou dizer que há também reveladores depoimentos de antigos colegas (de Billy Wilder a Jack Lemmon, a viúva do sócio Milton Greene. Mas o especial destaque é para Viola Davis, Janet McTeer, Jennifer Ehle). Além disso, fica acima das fofocas, é um tributo a ela, não um desrespeito. Fãs não podem perder.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.