Detalhes do Oscar de 2017 - Um Balano Geral

Conhea as curiosidades dos ttulos dos filmes e a opinio de Rubens Ewald Filho

11/02/2017 20:38 Por Rubens Ewald Filho
Detalhes do Oscar de 2017 - Um Balanço Geral

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Faz muito tempo que eu reclamo dos títulos nacionais, colocados pelas distribuidoras, sejam americanas, europeias ou mesmo brasileiras. A história desses efeitos é muito antiga e sempre envolveu gerentes das empresas que selecionam um título, se possível parecido com o original (o diretor ou produtor se poderoso poderá impor títulos como faziam Woody Alen ou Stanley Kubrick). Mas se era questão de estúdio internacional, por aqui tinham certa liberdade, brincando com títulos de comédia. Por exemplo, a Paramount trazia os filmes de Dean Martin e Jerry Lewis e logicamente achavam eles tinham que fazer piadinhas. Assim alguns deles se chamavam Ou Vai ou Racha, O Professor Aloprado, De Caniço e Samburá, O Fofoqueiro, Errado pra Cachorro e assim por diante. E em geral divertidos e mesmo apropriados.

Outras distribuidoras como a Fox devia ter algum mais talentoso e poderoso que conseguiu mexer nos títulos de filmes em geral românticos ou musicais com excelente resultado muito melhor mesmo que o original. Vejam alguns exemplos, A Noviça Rebelde é The Sound of Musi, (o som da música). Ficou melhor. Outros casos: Suplício de uma Saudade em vez de Love is a Many Splendored Thing, ou Tarde Demais para Esquecer em vez de An Affair to Remember.

Poderíamos prosseguir por paginas a fio demonstrando a decadência do métier. Que agora com frequência sempre coloca o nome original, seguido de vírgula e uma tradução pífia. E meio ridícula. Os filmes do Oscar deste ano demonstram isso.

Vamos lá: alguns até adequados como Moonlight, talvez o melhor filme de toda a seleção, passado no lugar de Miami e que ganhou o sub titulo de “Sob a Luz do Luar”.

Lion (seria o nome do protagonista com um detalhe que só é explicado no final do filme) virou “Uma Jornada para Casa”, que não é dos piores para um filme que pretende fazer chorar muito!

Até o Último Homem marca a volta de Mel Gibson num drama de guerra, por isso o título até chega a ser adequado e muito melhor do que o original, que é Hacksaw Ridge, o nome de um lugar do conflito!

Fences (cercas) era o nome de uma peça famosa da Broadway que foi estrelada no palco por Denzel Washington e Viola Davis, ambos premiados com o Tony por causa do show. Denzel dirigiu muito bem a versão muito fiel mas com cenas estendidas. O distribuidor consciente da dificuldade comercial do filme aqui no Brasil mudou o nome para Um Limite Entre Nós. Que não é dos piores mas não vai ajudar nada a carreira do filme (Denzel e Viola ganharam o prêmio do Sindicato dos Atores, ele pela interpretação de primeira!).

Elle (idem) - duvido que muita gente ainda saiba francês e que elle quer dizer apenas ela! Mas é um nome sugestivo e perfeito para o grande retorno de Isabelle Huppert.

A Qualquer Custo é outro titulo que serve para qualquer filme, no original se chama Hell or High Water, muito mais complexo e no caso o distribuidor fez bem em mexer. Certamente ele não sabia quando o filme estreou no EUA que ele seria cultuado pelos críticos. Embora seja um drama banal de interior do Texas com dois irmãos assaltando bancos e enfrentando xerifes. Deixa eu contar o segredo, quem escreveu o roteiro do filme foi um ator até então mal sucedido chamado Taylor Sheridan, que não ganhou o Oscar que prometia quando escreveu o cult Sicário Terra de Ninguém (15). Que havia concorrido como trilha, foto e som. Mas deve ser para corrigir a injustiça que vai ganhar este ano ou ao menos já teve uma carreira de críticos babando...

Manchester à Beira Mar é um drama longo e excessivo, mal interpretado pelo péssimo Casey Affleck, pelo qual novamente críticos sem noção ficaram elogiando Deus sabe por que... Enfim neste caso o título é o certo, original (Manchester By The Sea), com duas horas e 17 de projeção. O diretor Kenneth Lonergan tem talento, mas a Michelle Williams aparece por alguns minutos e mesmo assim foi indicada ao Oscar de atriz.

Eu gosto muito do filme Hidden Figures que conta em tom bem humorado uma história real desconhecida de praticamente todo mundo, que também explica a corrida espacial da Nasa e John Glenn mas principalmente o que foi o racismo ainda nos anos 60! Um absurdo que é contado por um trio delicioso de grandes atrizes negras, todas deviam ter sido indicadas mas apenas Ocatvia Spencer foi indicada. Em compensação todo o elenco ganho o prêmio coletivo de interpretação, o SAG, Sindicado dos Atores. Estrelas Além do Tempo é o nome que deram no Brasil que é um total mistério, que diabo quer dizer isso? Estrelas do ceu, de Hollywood, da marca de brinquedos falida, de qualquer jeito é uma besteira que felizmente não está prejudicando o filme do sucesso que merece. O boca a boca faz o serviço.

Jackie (idem), a vida mal contada de Jacqueline Kennedy, onde Natalie Portman usa as roupas certas, mas o filme é frio, antipático, deixa de contar coisas importantes e o presidente marido dela mal chega a ser visto. Mal dirigido por um chileno pedante, Pabrlo Larrain. Nada porém contra o titulo mas sim a atriz que faz bocas estranhas, afetada e falsa.

A Chegada (Arrival)- foi uma surpresa que um filme difícil e de ficção cientifica tivesse uma boa carreira comercial nos EUA e fosse bem aceito por aqui. Apesar da narrativa complexa. Todo mundo reclamou porém da ausência entre as atrizes da muito querida, que já tem quatro indicações, Amy Adams.

La La Land Cantando Estações. Tudo indica que este é o filme do Oscar deste ano. Porque Los Angeles não tem seu filme que a homenageia, é meia órfã. E vocês viram como lhe deram o Oscar de filme para um filme médio feito mostrando bem a cidade que foi Crash (No Limite, lembrava que tinha isso em 2004!). Agora conseguiram fazer um filme romântico e bonito, com imperfeições também mas que me emociona. Entendam que eu passei minha vida inteira, não apenas profissional elogiando o musical, o gênero que sempre foi perseguido, também sempre adorei os franceses de Jacques Demy ou seja tenho que ser coerente e defender La La (embora prefira Moonlight como melhor do ano) .

Florence Quem É Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins). Meryl Streep está bem como sempre e teve mais uma indicação ao Oscar (tambem de figurino) que naturalmente expandiu seu record. É baseado em fato real e muita gente acha que a versão francesa simultânea chamada tambem Florence é superior. O filme resultado divertido, mas um pouco trágico/amargo.

(Clique nos links com os nomes dos filmes e veja a crítica de Rubens Ewald Filho)

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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