OSCAR 2017: Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight) - RESENHA CRTICA

Antes de celebrar apenas o sucesso de La La Land, guarde espao para outro que para mim o melhor filme do ano

13/02/2017 22:11 Por Rubens Ewald Filho
OSCAR 2017: Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight) - RESENHA CRÍTICA

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Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)

EUA, 16. 1h51min. Direção e roteiro de Barry Jenkins. Argumento de Tarell Alvin McCraney. Com Mahershala Ali, Shariff Earp, Janelle Monae (de Estrelas Além do Tempo), Naomie Harris, Alex Hibbert.

Antes de celebrar apenas o sucesso de La La Land, guarde espaço para outro que é para mim o melhor filme do ano. Uma produção modesta, que é coassinada por Brad Pitt e traz uma canção que é parcialmente interpretada pelo nosso Caetano Veloso. Quem o dirigiu e roteirizou é Barry Jenkins, que vem de Miami, onde nasceu em 1979 e fez apenas um outro longa antes, desconhecido aqui chamado Medicine for Melancholy (08), além de vários curtas.

Para se ter uma ideia do sucesso do filme basta dizer que teve 159 vitórias e 245 indicações em premiações! Vejam algumas: 8 Oscars (filme, ator coadjuvante Ali, coadjuvante Naomie Harris, diretor, foto, montagem, trilha musical, roteiro). Globo de Ouro de melhor drama e mais 5 indicações. 4 indicações do Bafta britânico. Melhor coadjuvante no SAG para Ali e indicação de coadjuvante Naomi e elenco. Premio Gotham (do público e filme, roteiro e especial do júri). Independent Spirit (prêmio Robert Altman). E muitos mais.

Trata-se de uma produção modesta (que não passou de 5 milhões de orçamento) e até agora não rendeu mais de 19 milhões e pouco de dólares. Mas é um filme sensível, forte, poderoso, que pode ser chamado de gay (o que ainda dentre os negros norte-americanos é um tabu que evita se discutir), mas vai mais longe: é muito humano, muito delicado, muito verdadeiro.

Basicamente se passa com um único personagem negro em três períodos de sua vida, quando ainda moleque, adolescente e jovem adulto. Christon (Ashton Anders na parte mais forte) quando criança vive com sua mãe solteira, viciada em crack, Paula, numa região de muito crime em Miami. É um garoto magro, feioso, tímido, porque também é pequeno e acaba sendo vitima do bulling. O único que tem origem cubana e também o problema de enfrentar os fortes e os violentos chefes de drogas. Há outro amigo, porém importante no modelo de figura masculina, um traficante chamado Juan e a namorada dele Teresa. Mas ele some na terceira parte do filme quando Chiron se tornou tudo aquilo que não deveria, um chefe de drogas, que usa dentes de ouro e tem uma vida isolada e infeliz. Mas com alguma esperança…

O filme trata disso, com um elenco surpreendente que tem atuações arrasadoras, a saber quem faz Juan (que tem sido super premiado) e que tem o nome enrolado de Mahershala Ali (vocês devem se lembrar dele dando show com um super vilão na serie da Netflix, Luke Cage, mas também esta presente no Estrelas Além do Tempo, na série House of Cards, dois Jogos Vorazes). A outra grande figura e que se consagra também aqui é a inglesa Naomie Harris que faz a mãe drogada, na verdade, o pai é da Jamaica, a mãe de Trinidad, e vocês a conhecem como figura erótica na serie James Bond, quando surgiu em Operação Skyfall, e acabou se tornando Miss Money Penny em Spectre. Também apareceu em alguns Piratas do Caribe, Beleza Oculta, mas nada que me preparasse para este show surpreendente.

Não, La La Land é mais divertido, mais faz de conta. Mas este é verdadeiro cinema.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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