FILMES CLSSICOS NAS TELONAS: O RESGATE DO SOLDADO RYAN

Saiba tudo sobre o clssico que o Cinemark exibe nos seus cinemas dias 23, 24 e 27 de maio

21/05/2015 16:18 Por Rubens Ewald Filho
FILMES CLÁSSICOS NAS TELONAS: O RESGATE DO SOLDADO RYAN

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Sétima temporada de Clássicos na Rede Cinemark

Os filmes desta temporada são:

007 Contra o Satânico Dr. No - dias 16, 17 e 20 de maio

O Resgate do Soldado Ryan - dias 23, 24 e 27 de maio

12 Homens e uma Sentença - dias 30 e 31 de maio e 3 de junho

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida - dias 6, 7 e 10 de junho

Os Pássaros - dias 13, 14 e 17 de junho.

O Exterminador do Futuro - dias 20, 21 e 24 de junho.

 

O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan)

EUA, 98. 167 min. Direção: Steven Spielberg. Com Tom Hanks, Matt Damon, Edward Burns, Ted Danson, Jeremy Davies, Tom Sizemore, Barry Pepper, Adam Goldberg, Vin Diesel, Giovanni Ribisi, Paul Giamatti, Dennis Farina, Harve Presnell, Nathan Filion, Bryan Cranston, Kathleen Byron.

 

Spielberg, com O Resgate do Soldado Ryan, que apesar de sua longa-metragem e temática violenta e difícil, rendeu mais de 180 milhões de dólares, sendo o maior êxito até então de seu estúdio, a Dreamworks, e ele acabou ganhando o Oscar de melhor diretor. Mas não é um novo A Lista de Schindler, nem chega a ser como apregoavam o definitivo filme sobre a Segunda Guerra Mundial. Sem dúvida é mais realista (mostra corpos explodindo, membros voando com mais frequência) e muito bem filmado (em particular na meia hora inicial). Continuo com a teoria de que o grande cineasta em Spielberg já morreu. Seus filmes anteriores pareciam ter sido dirigidos pelo telefone (O Mundo Perdido, Amistad), este aqui é mais pessoal e portanto mais elaborado, mas ainda assim parece comprovar o velho ditado de que quando um diretor morre, ele se transforma em fotógrafo. O filme ganhou os Oscars de direção, fotografia, som, montagem, efeitos de som. Foi indicado como melhor filme, ator (Hanks), roteiro, direção de arte, maquiagem, trilha musical (John Williams).

Desde criança Spielberg sempre se interessou pelo tema e conta que o filme surgiu de uma imagem que assistiu pessoalmente, um velho chorando à beira de uma cruz no cemitério americano que existe na França perto das praias da Normandia, onde sucedeu o Dia D, a invasão aliada da Europa, no dia seis de junho de 44. Ele não revela a identidade da pessoa mas mostra que ele tem olhos azuis (o que será uma constante entre todos os personagens centrais). Depois já corta sem preâmbulos ou apresentações para o desembarque aliado na praia de Omaha, mostrado com câmera na mão e com uma veracidade aterradora. Se Platoon, de Oliver Stone, foi o primeiro filme a mostrar como é se sentir dentro de uma guerra na selva onde você mal pode ver o inimigo, Soldado Ryan dá a sensação exata do que seria estar num campo de batalha onde as balas voam alucinantes e você nem sabe o que o atingiu, as águas do mar ficam tingidas de vermelho de sangue e o próximo passo parece ser a morte certa.

Não há dúvida de que são momentos extraordinários ainda mais que não conhecemos os personagens e não temos como identificá-los, nem porque torcer, a não ser pela presença de Tom Hanks, no momento o ator com que o público mais simpatiza. Ele faz o capitão que lidera um pelotão na tomada de uma casamata nazista (e o filme é o primeiro norte-americano a mostrar a brutalidade também por parte dos supostos heróis que também fuzilam os alemães, mesmo quando eles se rendem).

Embora obviamente contra a guerra, o filme também retrata o heroísmo cotidiano dos pracinhas, na verdade ainda verdes em combate (para fazer o filme todo o elenco teve que fazer um mês de serviço militar obrigatório, treinando para a empreitada). Mas a proposta é demonstrar como funciona (ou não funciona) a lógica militar, que para salvar um pode sacrificar outros. No caso, descobre-se por acaso que a família Ryan perdeu seus três filhos em combate e só resta um dos irmãos, James Ryan (Matt Damon, contratado antes de virar astro com Gênio Indomável e que só aparece na hora final). A ordem que dão ao capitão Hanks é ir buscar o soldado Ryan onde quer que ele esteja (ele foi solto de paraquedas, mas eles se desviaram da rota e ficaram perdidos, talvez até esteja morto). Assim saem alguns pracinhas indo atrás dele numa ação que vai durar por volta de dez dias pelo interior da França, na Normandia.

Infelizmente depois da meia hora excepcional, dez minutos de exposição do tema, o filme cai muito, se tornando uma síntese de clichês de outras fitas de guerra (que são inúmeras, desde o pioneiro O Preço da Glória, de William Wellman, Os Vitoriosos, de Carl Foreman, Morte Sem Glória de Robert Aldrich, Baionetas Caladas e Proibido, de Samuel Fuller, são algumas das mais notáveis). Tem o judeu que odeia os nazistas, o sargento que por trás da aparência durona esconde um bom coração, o magrinho burocrata que parece ser um covarde mas que na Hora H demonstrará coragem, o rebelde que vive reclamando de tudo (mas também é bom sujeito, aliás como todo mundo) e naturalmente Hanks como o líder carismático que esconde o passado (fazem apostas sobre sua origem mas não espere surpresas) e que não pode discutir o bom senso de sua missão.

É aí que Spielberg escorrega. O roteiro passa a ser episódico, com algumas variantes curiosas, com certo humor negro (se enganam com outro Ryan) e momentos até fortes (a discussão se devem ou não matar o alemão que pede perdão e fala em inglês). Mas o forte de Spielberg nunca foi a direção de atores (e nenhum deles aqui mereceria ganhar qualquer prêmio, nenhum tem uma interpretação mais marcante) e seus defeitos ficam mais evidentes. Não consegue escapar dos clichês, nem do sentimentalismo que tenta provocar o choro (toda as duas sequências finais tem frases feitas e sem maior sentido). O fato é que não ficamos conhecendo bem nenhum dos personagens do pelotão, com a possível exceção de Hanks, mais pelo ator do que pelo papel, nem mesmo Ryan e suas razões (não vamos revelar o que acontece para não estragar o filme).

É claro que para o público o que sucede é exatamente o oposto, é esse sentimentalismo, esses apelos melodramáticos que estão tornando o filme tão bem-sucedido e acessível. Eles que ajudam a passar a mensagem, essa sim oportuna e evidente, de que a guerra é um inferno (certas cenas do filme me fizeram pensar na recente Guerra em Sarajevo onde franco atiradores faziam vítimas a esmo). Não é à toa que muitos veteranos da Segunda Guerra passaram mal no cinema ao assistir o filme. Realmente está longe de ser uma diversão leve e descartável, mas um filme perturbador e que provoca o espectador emoções fortes. A decepção fica por parte do exagero da imprensa americana apressada em louvá-lo demais.

PS- Passados os anos, Soldado Ryan permaneceu na minha DVDteca como exemplo de excepcional qualidade em som, mixagem e efeitos. Era o que eu mostrava para os amigos e eles sempre ficavam impressionados naturalmente na cena do Dia D, do desembarque que é incrivelmente “orquestrada” com o som. Acho mesmo que não foi superada, se o som do Cinemark estiver em forma, vale a pena checar. Também leia com cuidado acima a ficha de atores que irão se surpreender.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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