Uma Surpresa na Netflix: Chegou Julie Andrews
Na Sala de Julie (2017, Julie´s Greenroom) é muito recente, que nem se deram ainda ao trabalho de promovê-lo
Estava procurando o Saul na Netflix, quando por acaso descobri uma série nova (e acabei sendo o primeiro a marcá-la como novidade importante) que mexera com todos os inúmeros e fieis fãs de Julie Andrews, a lendária criadora de My fair Lady na Broadway, a Noviça Rebelde e Mary Poppins no cinema. E que durante toda sua carreira estrelou musicais para a televisão norte-americana (que não passavam aqui, ao menos a maioria) e sempre teve uma vocação para ensinar crianças além de escrever livros infantis (junto com sua filha). Agora com a ajuda da produtora lendária de Jim Henson Company, realiza este projeto chamado aqui Na Sala de Julie (2017, Julie´s Greenroom) e como já disse muito recente, que nem se deram ainda ao trabalho de promovê-lo. Basicamente Julie (há duas versões, dublada em português e em inglês, em doze capítulos, no que pretende ser um workshop teatral). Ou seja, ela e um ajudante o novato para mim ao menos, Gus - Giulian Yao Gioello - se apresentam em 13 capítulos em diversas fases da preparação de um workshop para crianças (jovens artistas só que vividos por bonecos, típicos dos Muppets). Julie é a diretora do teatro e recebe as crianças/bonecos com diferentes características, tudo muito bem dublado em português (ainda que Julie esteja rouca, já que todo mundo sabe que perdeu parte da voz numa operação fatídica). Mas quando está na versão inglesa sua voz natural é mais natural, desde que não exagere. Ou seja, ela canta em inglês não como antes mas com naturalidade.
É um espetáculo workshop de artes cênicas, que é um trabalho didático notável para todas as crianças e jovens que sonhavam a ter acesso a esse tipo de show pensando futuramente em serem profissionais dos grandes shows musicais que hoje florescem também nos palcos brasileiros. Didático mesmo, passando por palavras, tipo bastidores, camarins, palco e aos poucos trazendo convidados famosos das diversas áreas que poderia sem envolver numa produção dessas. O show escolhido seria O Mágico de Oz, mas os protagonistas bonecos passaram por momentos diversos e difíceis. A chamada parte técnica, desde luz fantasma – uma luz para ficar aceso no escuro ocasional! Seguem-se então as luzes de por do sol, noite estrelada, tempestade. Vem então o aquecimento... E assim por diante.
Talvez a mais famosa para os americanos seja a melhor amiga de Julia, a comediante Carol Burnett, que terá uma participação importante no último capitulo. Mas cada uma das aulas será ilustrada por profissionais, que vão desde dançarinas que sofrem de problemas (cegueira, vitimas de acidentes), até ensinar a cantar pelas mãos do hoje mais famoso cantor de ópera jovem dos EUA, o ótimo Josh Groban. Especialmente bem está a aula de interpretação que é ilustrada pelo convidado Alec Baldwin (que alias lançou livro autobiográfico esta semana nos EUA) que tem muito humor e também canta bem. Tem ainda o violinista Joshua Bell, as crianças que participam do show da Broadway Matilda, casal de dançarinos profissionais... Ah, imagina que estava esquecendo justamente da convidada mais famosa do momento, Idina Menzel, de Frozen, que hoje é a cantora mais famosa de shows e discos e vai ilustrar a Arte do Teatro (para as crianças mais novas tem um pato que irá dançar a Dança das Horas!). E a turma faz uma visita a Broadway e o elenco de Wicked que os leva pelos bastidores de máscaras e camarins e etc. figurinos da cidade da Esmeralda, até a pintura de verde. E muito mais!
Enfim, enquanto escrevo com a TV ligada vou descobrindo detalhes que na pressa da descoberta ainda falta registrar. Mas fiquei entusiasmado com o reencontro com Julie demonstrando seu amor pelo teatro musicado, num programa que tomara que seja descoberto logo por seu público alvo. As crianças devem adorar.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.