NA NETFLIX: Estrada Sem Lei (The Highway Men)
Outro filme que promete muito, mas não brilha especialmente.
Estrada Sem Lei (The Highway Men)
EUA, 2019. 2h12 min. Direção de John Lee Hancock. Com Kevin Costner, Woody Harrelson, Kathy Bates, Dean Denton, Thomas Mann, William Sadler, Kim Dickens, John Carroll Lind.
O cinema já contou algumas versões da lendária dupla chamada Bonnie e Clyde, vividos no cinema por Faye Dunaway e Warren Beatty, num filme clássico, muito colorido, premiado e dirigido pelo hoje esquecido Arthur Penn. Esta produção é justamente o oposto das aventuras anteriores, contando a história pelo ponto de vista realista, com a dupla reduzida a apenas um casal de figurantes assaltantes de bancos (sua participação é tão pequena e relativa que nem se guarda direito quem foram eles! Embora tenham sido muito violentos, grosseiros e brutais, apesar disso tudo, são celebrados pelo povo (há cenas curiosas ao final dos lugares que morreram e onde cometeram outras barbaridades.
O diretor Hancock tem certa carreira (dirigiu filmes médios como Um Sonho Possível, Walt nos Bastidores de Mary Poppins, O Alamo, Um Sonho possível, Desafio do Destino) e o roteirista John Fusco também escreveu aventuras como Os Jovens Pistoleiros, Mar de Fogo, o desenho Spirit, O Reino Proibido. Ou seja, nenhum deles fez nada de notável. Mas aqui se reúne uma dupla curiosa, que poderiam ter sido mais marcantes. Um deles é Kevin Costner, que faz o veterano Texas Ranger que deixa a aposentadoria (o ator que sempre foi discreto desta vez conseguiu uma barriga enorme que ainda o envelhece ainda mais !) e um outro parceiro, do onipresente Woody Harrelson (que costuma sair-se bem mas vai entender porque tem uma presença boba e fraca). Além disso há uma aparição da sempre extraordinária Kathy Bates, que faz o papel de uma governadora durona.
O filme não traz grandes surpresas, mas ao menos deixa bem claro como foram os fatos nas cenas finais, que aproveitam imagens e figuras verdadeiras. Outro filme que promete muito, mas não brilha especialmente.
Notas sobre o Filme e a Época
Originalmente ele foi concebido entre Robert Redford e Paul Newman, mas foi cancelado com a morte de Paul. Em 2003, Woody Harrelson ia contracenar com Liam Neeson, mas este largou o projeto. Quando Bonnie sai do carro mancando é fato real, ela havia se machucado em acidente de carro. O machucado foi tão grave que ela ficou com as marcas até o final da vida. É Kathy Bates quem faz a primeira governadora do Texas (o marido dela havia sido condenado e perdeu o cargo por roubar do governo). O curioso é que ela era tão corrupta quando marido. Foi tirada do governo, mas seis anos depois voltou. 40 Texas Rangers pediram demissão para evitar trabalharem com ela (ainda assim ela despediu os rangers que faltavam). Kevin Costner manteve para ele as lembranças do arsenal de armas do conflito. O roteirista John Fusco trabalhou com o ranger Frank Hamer que o ajudou a dar veracidade a historia. Costner foi convidado a fazer este mesmo papel dez anos antes, mas achou-se jovem demais. O foco mais importante do filme é a perseguição ao casal bandido e por isso nunca se vê direito a dupla Bonnie e Clyde. O diretor Hancock fez questão de recriar a cena de morte da dupla em todos seus detalhes ao final do filme, como ocorreu em 23 de maio de 34, em Sailes, Louisiana.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.